Fundação Henrique Aragão

Documentário sobre Henrique Aragão - Pitágoras

Transcedência da Arte - Documentário sobre Henrique Aragão.

HENRIQUE ARAGÃO






Aragão,
Joaquim Henrique de



(Henrique
Aragão)


Campina Grande/PB,
*1931 - + 2015.

Escultor, pintor, desenhista, diretor teatral, teatrólogo, poeta e animador cultural. Seu
talento artístico manifesta-se ainda na infância, quando começa a desenhar
histórias em quadrinhos com tijolo, telha e carvão pelas calçadas e muros da
cidade. E, muito tímido - tomado pela inata vocação para artes cênicas -,
compõe músicas para sí próprio, a fim de dançar no meio do mato para não ser
observado. Aos 14 anos de idade surge a atração pela pintura. "Comecei a comprar
telas, pincéis, lá em Campina Grande. Ninguém sabia nada de pintura, não
existia"
. Frequenta um curso técnico de Belas Artes no Recife/PE, em 1951,
realiza sua primeira individual, com paisagens, na Galeria Lemac, na mesma
cidade. Mais tarde, um amigo, comprador de muitos de seus quadros, resolve
pagar-lhe uma passagem para Roma/Itália, para que o artista possa
aperfeiçoar-se.
Assim, em 1959, parte para a Europa, onde faz cursos livres de Cor e Composição, em
Paris/França e de Anatomia para Artistas, na Escola de Belas Artes, em
Roma/Itália, de 1961 a 1962. Nesse período ocorre seu primeiro contato mais
intenso com a Arte Sacra, ao conhecer a Capela Sistina. "Por lá fiquei meses e
meses, deitado no chão, olhando, estudando"
. Trabalhando na paginação da revista
católica Città Nuova, cuja redação é perto de várias igrejas, aproveita as
manhãs e intervalos do trabalho para observar exaustivamente trabalhos de
grandes artistas, como Caravaggio e Michelangelo. Participa do Salão Anual de
Artes Plásticas da cidade de Thiene/Itália, em 1960 e do Salão de Verão de
Acitreza - Sicília/Itália, em 1961. Retorna então ao Brasil, onde, já em fase
de surrealismo abstrato e desenhos geométricos, produz seu primeiro trabalho
sacro, para a Igreja de Madalena, no Recife, 1962. Muda-se para São Paulo/SP,
onde vence a concorrência para elaborar a pintura de um painel para o Banco
Aliança. As grandes proporções do painel impedem que seja realizado no
apartamento do artista, o que o leva a procurar espaço no Seminário Maior dos
Carmelianos. Os padres concordam em recebê-lo. Observando seu trabalho, em
1963, acabam por convidá-lo a remodelar a capela, dando-lhe total liberdade
criativa. Coincidentemente, no mesmo ano, o papa Paulo VI convoca os artistas
para a paz, o que o leva a redescobrir a figuração. Ainda em 1963 e 1964, executa
pinturas e esculturas sacras no Rio de Janeiro. Já em 1965, convidado para
executar o projeto e construção da Capela Guarany, entre outras obras,
transfere-se para Ibiporã/PR, onde fixa residência. Desenvolvendo na Região
Norte do Paraná extraordinário trabalho não só como pioneiro do ensino de Arte
na região, seu nome também se impõe como dos grandes renovadores da arte sacra
nacional, ao longo do século XX.
É em Arapongas, no Norte Paranaense, que Henrique Aragão gradua-se em Ciências
Sociais pela FAFLICA. Extremamente inovador, além de recriar em seus projetos a
arquitetura sacra, também o faz em relação às técnicas e modalidades que adota.
Assim, relembrando uma ideia que tivera em sua estada na Europa, começa a
utilizar em seus trabalhos retalhos de vidro coloridos, entremeados por
cimento. É uma técnica inovadora para vitrais, normalmente consolidados com
chumbo. Esse projeto na Capela do Seminário Maior dos Carmelianos leva-o à sua
primeira grande obra: a realização da pintura da abside da catedral de
Apucarana/PR, a convite do Bispo Dom Alberti, em 1967. A partir daí volta-se,
definitivamente, para a Arte Sacra. Em 1971, é convidado pelo governo alemão
para ensinar a técnica de vitral a artistas em Ulm-Donau/Alemanha, onde
permanece por três meses. Em seu retorno, prossegue desenvolvendo intensa
atividade cultura.
Alguns de seus principais trabalhos podem ser vistos em igrejas como a Nossa Senhora
da paz, em Ibiporã; Sagrados Corações, em Londrina; São Francisco de Assis, em
Maringá; Nossa Senhora Aparecida, em Abatiá; e a Capela do Seminário São
Vicente Palotti, em Londrina. Entre monumentos públicos destacam-se o Monumento
ao Passageiro, no Terminal Rodoviário de Londrina, e O Desbravador, na Praça 7
de Setembro, em Maringá, onde, abandonando a figura tradicional do pioneiro com
um machado na mão, representa-o como o ser que tenta romper os limites, para
alçar voo. É autor do projeto e responsável pela instalação do Museu da
Escultura ao Ar Livre do Norte do Paraná, em Ibiporã - um dos primeiros do
gênero no Sul do País - que reúne obras suas e de outros artistas, como Letícia
Faria. É também o idealizador e diretor - desde sua fundação, em 1969 - da Casa
de Artes e Ofícios Paulo VI, polo artístico voltado à comunidade que reúne um
minimuseu, teatro ao ar livre e oficinas, promovendo cursos de danças, grupos
de teatro, laboratório e atelier de escultura e outras técnicas para a
comunidade de Ibiporã. É com o Grupo de Teatro da própria Casa de Artes que
Henrique Aragão encena seu texto "O corredor número 9", em 1987.
Em sua obra sacra, o artista resgata o humanismo, ao mesmo tempo em que pratica
uma poética gestada em um expressionismo muito pessoal que se apoia em uma
filosofia religiosa de ordem cósmica: - "O estudo do simbolismo astral, solar e
lunar, nos orienta para as religiões cósmicas centradas sobre o renovamento do
mundo e sobre a concepção do tempo circular. O homem se encontra diante da
manifestação do sagrado, faz a experiência do divino e nesta experiência
descobre o significado da condição humana"
, explica o artista. Suas figuras
alongadas reinterpretam o gótico e o simbolismo com a nova fé pós-explosão
nuclear. Formas astrais - principalmente solares - são tomadas como os
princípios yang e yin, símbolo da ressurreição e imortalidade, sugerindo o
renascer do cosmos; como fica evidente na História da Salvação de Adão nos
Tempos Atuais na Igreja Matriz de Astoga. Exemplo de seu espírito inovador é a
Via Sacra de 15 Estações que pinta para a Catedral de Apucarana. Nela,
quebrando a tradicional representação do drama do Evangelho em 14 atos,
Henrique Aragão o apresenta em seis painéis e 15 atos. A última estação,
acrescentada, traz a imagem de Cristo na Ressurreição, sorrindo.
Seus trabalhos provocam, dessa forma, várias discussões - e não somente dentro da
Igreja Católica. Já O Pioneiro, monumento de 7 metros de altura erigido em
homenagem aos fundadores de Maringá, em 1973, causa indignação por trazer um
homem nu, coberto por algumas ramas de café. Chega a ser motivo de plataforma
política de candidatos locais, que prometem retirá-lo. O humor popular
encarrega-se, no entanto, de adotar a obra batizando-a de O Peladão. Para
alegria do escultor, certo dia a estátua amanhece carinhosamente vestida com o
uniforme do time local, quando este se sagra campeão. Comprova-se, assim, que a
Arte no trabalho de Henrique Aragão pode ser compreendida principalmente como a
expressão corajosa e transparente da procura da comunhão do homem com o Uno: no
corpo, no tempo presente, na vida diária, no cosmos e no espaço...
(ARAÚJO, Adalice Maria de - Dicionário das Artes Plásticas no Paraná.
Curitiba: Edição do Autor, 2006, pág. 289 a 290)

Memento Mori
25/08/2015

Com pesar que comunicamos o falecimento do artista Henrique Aragão, conhecido internacionalmente e residente em Ibiporã.
Henrique Aragão era natural de Campina Grande, no estado de Pernambuco e, em 1967 chegou em Ibiporã. Aragão é autor de centenas de obras que estão espalhadas por igrejas e espaços públicos do Norte do Paraná, sendo uma delas o Memorial do Pioneiro, na rotatória da Rodoviária de Londrina. A Igreja Matriz de Ibiporã e as praças centrais do município possuem vários trabalhos do artista, compondo um roteiro de exposição ao ar livre.
Além de artista plástico, Henrique foi pintor, desenhista, diretor teatral, teatrólogo, poeta e animador cultural. Suas obras foram doadas para Fundação Henrique Aragão, que tem como função a preservação da Casa de Artes e Ofícios Paulo VI, onde se dedicou nos últimos anos.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Escultura em aço, ainda sem nome





Nesta obra, Henrique de Aragão quis representar sua relação tempestuosa com Deus, um questionamento que o ser humano acaba por conhecer em algum momento de sua existência. A representação dos touros espelha a semelhança entre Criador (o touro maior) e a criatura-artista (o touro menor). do conflito à aceitação.